Minha história com a beleza
A beleza, no amplo sentido da palavra, sempre foi algo que me fascinou. Uma beleza que, por ser tão singular em cada pessoa, não cabe em padrão nenhum. A beleza que já pertence àquele rosto, que é genuína. A beleza orgânica que está ali e, algumas vezes, só precisa ser encorajada.
Eu vivo imersa nesse universo desde muito cedo. Sou inquieta por natureza e fui uma criança com muita energia, então, minha mãe estava sempre buscando formas de me ocupar. Eu ficava muito no sítio da minha avó, onde tinha mil coisas para eu fazer. Um dia, ela foi cortar o cabelo e me levou junto. Pela primeira vez, eu entrava em um salão de beleza.
Aquele universo me fascinou. A decoração, a agitação das clientes entrando e saindo, as mulheres se embelezando. A dona do salão me convidou para voltar e, desde então, nunca mais saí dessa atmosfera.
Eu ia todo dia ao salão, depois da escola. Como uma criança curiosa, foi assim que comecei a aprender de tudo. Lavei cabelos, fiz escova, tintura, maquiagem e, finalmente, sobrancelha. Foi a minha alfabetização na beleza.
Sempre que eu fazia uma sobrancelha ou maquiava alguma cliente, eu pensava: e se tivesse uma maneira de fazer isso durar mais, uma forma de facilitar o dia a dia da mulher? Até que um dia, lá mesmo no salão, vi a propaganda de um curso de maquiagem definitiva. Comprei e comecei a estudar.
Fiz todos os cursos que estavam ao meu alcance. Mas, morando em Treze Tílias, interior de Santa Catarina, logo percebi que eu precisava buscar aprimoramento em outros lugares.
Por volta dos 15 anos, eu já tinha uma clientela fiel. Mas, em vez de comprar roupas pra sair com as amigas, o que seria absolutamente normal para uma adolescente, juntei dinheiro e parti para a fase decisiva na minha carreira, que foi a minha especialização.
Procurei a principal escola de dermopigmentação do mundo, na Alemanha. Passei cinco anos indo e vindo da Europa. Com essa bagagem, desenvolvi minhas próprias técnicas e procedimentos. A partir daí, pude crescer de forma sólida. Minha entrega ganhou padrão internacional.
Empreender foi uma consequência da minha inquietude, da minha vontade de ser independente e da minha determinação. Aos 18 anos já tinha um pequeno negócio. Mas não foi fácil.
Empreender, por si, já é difícil. Para a mulher é ainda mais. Muita gente não acreditou que daria certo. Queiram fazer parcerias, me ofereciam emprego. Mas empreendedor não quer emprego, quer negócio. Porém, a pouca idade não convencia.
A saída que encontrei foi lutar com as armas que eu tinha. Meu primeiro estúdio era num porão, com móveis domésticos que eu mesma transformava, pintava, reformava. Era tudo simples, mas charmoso, com um ar vintage. Eu fazia do improviso um diferencial. E, do ambiente intimista, um lugar de aconchego para as clientes.
Decidi ter filho cedo – uma produção independente. Planejei tudo com muito cuidado e amor. Tinha uma ousadia típica dos mais jovens. Queria ser mãe logo para, depois, poder empreender mais, com meu filho mais crescido e independente. Hoje, dificilmente, tomaria a mesma decisão. O preconceito com mães mais jovens é absurdo. Ainda mais em uma cidade pequena e, principalmente, porque eu não quis me casar.
O outro desafio foi a minha formação, fazer faculdade. Se eu quisesse crescer, tinha que aprender a conduzir um negócio, então, fiz faculdade de Administração. Juntar tudo isso – o trabalho, a maternidade e os estudos não foi nada fácil. O segredo é que sempre acreditei em planejamento, em disciplina. Mesmo fazendo tudo fora dos padrões, me preparei para tudo o que eu vivi.
Em 2008, resolvi que era hora de dar mais um passo: abrir a Lu Make Up em São Paulo. Comecei estudando o mercado, fazendo contatos para construir uma clientela sólida… Hoje, toda vez que eu entro na Casa Conceito da Lu Make Up, me emociono. Também estamos presentes em outros Estados, com uma equipe fixa no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná e Amazonas. Mas amo viajar e atender clientes nessas localidades.
Quem me conhece sabe que o meu nível de exigência é alto. Comigo mesma, em primeiro lugar. Mas, também, com tudo que se refere ao resultado do trabalho que leva a minha assinatura. Por isso, criei a Natural Pigmento, que oferece pigmentos de alta tecnologia, com ingredientes orgânicos e eficácia em todos os pontos que o micropigmentador precisa: possibilidade de criar tonalidades ultrapersonalizadas para cada cliente, fidelidade da cor, durabilidade e segurança de uso.
A Natural Pigmento surgiu de uma necessidade minha, como dermopigmentadora em busca do melhor material para trabalhar. Mas a visão empreendedora logo me mostrou que seria uma marca para todos os profissionais, para um mercado que cresce e precisa de qualidade. É muito empolgante ver outros micropigmentadores usando os produtos da Natural Pigmento.
Meu próximo grande passo é o Instituto Living Sculpture, um projeto que nasceu do desejo de ajudar no resgate da autoestima de pessoas que não podem pagar pela dermopigmentação. Doamos procedimentos a quem tem patologias como alopecia, lábios leporinos, ou pacientes que passaram por tratamentos como quimioterapia. Eu já faço isso há muitos anos. Mas, com a criação do Instituto, vamos poder captar recursos para aumentar as doações e atender mais pessoas.
Quando olho para trás e vejo tudo o que construí ao longo dos mais de 20 anos de carreira, confesso que sinto orgulho. Ser pioneira em micropigmentação no Brasil foi uma aventura e tanto…
Mas ainda há muito a se fazer. Contribuir para ainda mais para o crescimento do mercado, ajudar mais pessoas, enfrentar o desafio diário que é empreender.
Por isso, eu sempre digo: a minha história com a beleza? Ela está sempre (re)começando.
Lu Rodrigues
Colunista
Lu Rodrigues é pioneira em dermopigmentação no Brasil, fundadora da Lu Make Up e da Natural Pigmento. Com quase 20 anos de experiência dentro e fora do país, desenvolveu técnicas exclusivas que garantem resultados naturais e harmoniosos. Sua cartela de clientes possui as mais exigentes personalidades nacionais e internacionais.