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O fundador do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, mapeou a crise da Covid-19 em detalhes. Desde o mês de março até aqui foram quase trinta pesquisas. O especialista garante que a pandemia foi a grande aceleradora de tendências. Vivemos cinco anos em cinco meses.

Meirelles costuma dizer que “o desafio de uma boa análise é saber o que a pessoa diz que faz, pensa que faz e realmente faz”. E mais: nenhum método de pesquisa sozinho é capaz de entender esse movimento; por isso, é necessário juntar modelos quantitativos. Assim, é possível analisar o que está por trás das declarações dos consultados.

O pesquisador tem uma certeza: “na maior crise sanitária, a iniciativa privada do Brasil doou muito, porém ainda perde do pobre, ou seja, a favela foi ainda mais solidária do que as classes A e B”. Isso mostra o incrível senso de comunidade que uniu a população mais vulnerável no enfrentamento da doença.

Outra característica marcante foi a digitalização em todos os níveis, com a efetiva expansão do e-commerce e o fortalecimento dos aplicativos. Definitivamente, nada será como antes nos modelos de negócio atuais e futuros. Mas o índice de confiança anda baixo: nove entre dez brasileiros não sabem para onde vamos quando a pandemia passar.

Renato Meirelles também questiona o papel dos governantes. “Está cada vez mais óbvio que a maioria da população não liga se o Estado é grande ou se o Estado é pequeno. As pessoas simplesmente querem um Estado que funcione”.

O pesquisador acredita que não chegamos a ter isolamento social: foi apenas um isolamento físico. Graças às novas tecnologias, amigos que não se falavam há muito tempo passaram a se encontrar, familiares que antes não conversavam ao redor da mesa, passaram a se relacionar. Porém do outro lado, aumentaram os casos de violência doméstica e até de divórcios.

As consultas mais recentes mostram que dois sentimentos sobressaíram. “Primeiro, a angústia atacou 73% dos brasileiros. Segundo, houve aumento da solidariedade. 63% das pessoas afirmam que a generosidade cresceu durante o processo de confinamento”, diz Meirelles.

Há um inegável processo civilizatório em curso. A transparência deve ser a palavra de ordem, a partir de agora.

“Quando você passa muito tempo tendo de lidar com você mesmo e com as pessoas que convivem com você, as máscaras caem. Gosto de lembrar que, olhando para a História, depois da Peste Negra, veio o Iluminismo e com ele avanços enormes na sociedade”, finaliza Renato Meirelles.

Fonte: Estadão

Matéria de Caio Camargo 

 

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