PARTE 4 e 5 – FINAL
PARTE 4
A ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – realizou seu encontro anual para fazer um balanço do segmento, fortemente afetado pela pandemia. Em um evento 100% virtual foram convidados os representantes mais importantes do segmento, que traçaram um panorama sobre os mais diferentes canais, além de projetar o comportamento do consumo.
A consultora especializada no segmento farmacêutico, Camila Castro, da IQVIA, destacou a forma como as empresas passam a investir e usar o canal farma como pontos de venda, e de contatos estratégicos com o público consumidor. Segundo pesquisas, as farmácias que já vinham apresentando resultados animadores, passam a ter ainda mais importância na vida de consumo das pessoas, tanto no ambiente físico quanto no digital.
Camila afirmou também que a maior parte da população pretende manter o consumo em farmácias, pois o cenário nesse canal é de estabilidade. 45% dos entrevistados dizem que vão continuar fazendo suas compras nesses pontos de venda. Apenas 16% dos entrevistados em junho de 2020 declaram que procurarão outros canais.
Os fatores motivadores de compra seguirão inalterados. O consumidor privilegia qualidade do produto, preço e promoções. O estudo da IQVIA mostra alguns itens que não podem faltar nas gôndolas: healthy care, produtos da cesta-Covid, além dos relacionados às práticas do Do it Yoursef (depilação, cremes de tratamento para cabelos e pele). Outro ponto relevante foi o salto de 100% dos canais on-line das farmácias durante a pandemia, numa comparação ao mesmo período do ano passado. Hoje, os canais on-line das farmácias representam 7% das vendas totais.
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, trouxe um amplo panorama sobre as mudanças do comportamento humano na pandemia, chamando a atenção para a alteração do “mindset” dos consumidores. Eles passam a questionar quais são os serviços de beleza que podem continuar sendo realizados em casa e para quais atividades que voltarão a ser feitas por profissionais.
Meirelles ressaltou o protagonismo que a casa passa a ter na vida das pessoas, indo além da moradia, tornando-se também o local de trabalho, lazer, limpeza, entre outros. Tudo isso muda o foco das compras dos consumidores, que são obrigados a suprir necessidades para os mais diferentes fins.
O presidente do Instituto Locomotiva, um especialista em pesquisas, afirma que essa análise se restringe às classes A e B, que tiveram como trabalhar remotamente, e garantiram espaços minimamente saudáveis para isso. As outras classes sociais não atingiram esse objetivo.
O CEO do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, contou como mudou os processos e a forma da empresa se relacionar com seus colaboradores e clientes, graças à aceleração digital. Compartilhou a dificuldade de fechar todas as lojas e migrar tudo para o universo on-line, ressaltando a agilidade que o Grupo teve para realizar tais adequações, principalmente na revisão de todo o planejamento das marcas.
Grynbaum também mencionou os três pilares da empresa durante a pandemia: garantir segurança sanitária para os consumidores e colaboradores, reformulação de toda a comunicação nesse novo cenário e a doação de produtos de higiene para comunidades carentes.
O diretor de Relações Institucionais da L’Oréal Brasil, Patrick Sabatier, afirmou que a pandemia promoveu uma aceleração extraordinária nas atividades da empresa, que fez acontecer em cinco meses protocolos que demorariam cinco anos para ser implantados. A L’Oréal adequou relações e processos de trabalho com os colaboradores. Patrick disse que o crescimento do e-commerce bateu os três dígitos.
PARTE 5
A ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – realizou o seu encontro anual para analisar as perspectivas pós pandemia para o segmento. Em um evento 100% digital, participaram os mais importantes profissionais do mercado. A Lead de Beleza do Google, Carolina Soares, revelou a prioridade número um que as brasileiras têm dado nas buscas por cuidados com os cabelos, no primeiro semestre do ano. As informações procuradas por maquiagem, tradicionalmente campeãs da audiência, ocupam agora o segundo lugar nas pesquisas relacionadas à beleza. Buscas sobre skincare também cresceram: há três anos representavam 10%; hoje somam 18%.
As pesquisas mostram que uma em cada duas mulheres afirmou ter mudado sua rotina de cuidados pessoais. Isso gera a discussão sobre a nova economia que guiará esse mercado. O foco em estética cede espaço para a saúde, no cuidado e no bem-estar, fato que também se estende para diversas outras indústrias. Não se limita ao produto ofertado em si, mas na forma como é oferecido.
Alguns números importantes: aumento de 52% na busca por ginástica pelo Youtube, crescimento de 388% na procura por tapetes para atividades físicas, aumento de 189% por compras de vegetais e saladas e 84% para receitas veganas.
Noites de sono também se tornaram um importante gesto de autocuidado, fato comprovado por números. Aumento de 64% nas buscas pelo termo “para dormir”, crescimento de 400% nas procuras relacionadas a ioga e meditação online e aumento na pesquisa por calmantes e ingredientes naturais para alívio de problemas emocionais (73% no termo calmante, 112% para camomila e 64% por lavanda).
A mudança de hábito abre espaço para uma nova versão do Do it Yourself, na qual as pessoas buscam o aprendizado solo, fato comprovado por números. Aumento de 80% nas buscas por tintura de cabelo, 62% por depilação em casa, 420% por barbeadores e aparadores de pelos e 160% pelo termo “como cortar a sua franja sozinha”. Segundo a especialista do Google, reforçaram-se as ações estratégicas de marcas, aliando-se a celebridades que apresentaram sua rotina em casa, e os passo a passos para executar tarefas sem ajuda de profissionais.
Carolina Soares falou sobre o desafio do retorno da terceirização dos serviços, apresentando estatísticas. 34% das “shoppers” afirmaram que devem retomar apenas os serviços terceirizados que consideram essenciais; 14% pretendem repassar aos profissionais de beleza apenas os cuidados com os cabelos e 13% não desejam retornar aos salões.
Outro ponto destacado foi a priorização da segurança que traz dificuldades não apenas para as marcas, mas também aos consumidores. Aqui, 41% das consumidoras de beleza têm medo de comprar uma maquiagem sem testar, abrindo a possibilidade de errar cor e tom. 25% gostariam de ter experiências com amostras grátis ou embalagens individuais.
A Lead de Beleza do Google, Carolina Soares, reforça que tempos de recessão implicam reinvenção. Portanto, momentos de entender, ouvir, as novas necessidades dos consumidores. O papel das marcas é mais importante do que nunca, uma vez que o índice de confiança nas instituições privadas e duas vezes maior do que o número registrado pelo governo.
Matérias de Caio Camargo
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A parte 1- ABIHPEC APONTA TENDÊNCIAS PÓS COVID-19
Parte 2 e 3- ABIHPEC APONTA TENDÊNCIAS PÓS COVID 19