Houve um tempo onde bastava um dia imerso no salão de beleza para que as mulheres se sentissem bem. Havia também o profissional coringa da casa, onde todas as clientes “antenadas” buscavam o mesmo corte, a mesma cor. Cheguei a presenciar um sábado em um importante salão no Rio de Janeiro onde todas madrinhas e noivas pareciam irmãs, tamanha padronização na maquiagem perfeita realizada em 30min (nenhum minuto a mais, nenhum minuto a menos). E advinha, elas amavam!
O tempo foi passando, um novo tempo chegando e trazendo junto uma palavra chama identidade, só que dessa vez não só a do profissional, mas também e ainda mais importante, a identidade de cada cliente. A consciência de que o tempo é uma fonte esgotável e não renovável, também veio junto. Tecnologia, rede social e a ideia de que todo mundo é potencialmente famoso e/ou importante deu um toque especial nesse novo cenário.
E agora? Como trazer a cliente para dentro do salão e fazer com ela se sinta feliz novamente?
Como equilibrar a identidade do profissional x identidade do salão x identidade da cliente?
Acho que cabe aqui uma palavra já conhecida, mesmo que nem sempre bem empregada, chamada POSICIONAMENTO.
Os interesses precisam se afinar e para isso o profissional de beleza precisa saber quem ele quer atender, que assuntos ele quer desenvolver com suas clientes, quais resultados ele quer priorizar. O posicionamento é importante para que haja conexão, sintonia e identificação de autoridade.
Querem ver um exemplo? Quando resolvi abrir meu salão eu já havia entendido que a conversa era o que mais me conectava com as minhas clientes. Um atendimento que fluía sobre altos papos intermináveis. Com isso, busquei uma decoração que ambientasse uma sala de estar, com peças pessoais trazidas de viagens que por si só já inspiravam longos assuntos.
Os lavatórios ficaram numa área externa rodeados de plantas, gatilho perfeito para mais conexão. Querem algo mais perfeito e fidedigno do que uma cliente trazer um fertilizante caseiro para planta do salão onde ela cuida dos cabelos? Ela se sente íntima, se conecta e compartilha a informação sobre esse lugar com orgulho, pois ela se sente parte integrante. Em contrapartida, o profissional ganha confiança para cuidar desse cabelo como quem cuida do cabelo de alguém da família. Sugere novas cores, identifica necessidade de tratamento e fideliza a cliente por um elo verdadeiro.
Tudo isso para dizer que se um dia o que realizava uma cliente era a padronização de um serviço bem feito, hoje se você oferecer só isso, em pouco tempo ela estará entediada, buscando novos lugares que pipocam não tema do Instagram.
Para mim já está muito claro, que toda cliente é mais bonita se ela se sente bem onde ela frequenta.
Beleza em estar bem me parece a receita mais segura e estável dos novos tempos.
Guilherme Camilo
Colunista
Sou Guilherme Camilo, carioca, especialista e apaixonado por beleza (inclusive interior), atuo e observo a mais de 15 anos. E nada do que é humano me é estranho.