Ainda é muito difícil fazer projeções para o futuro, pois ainda estamos no meio da pandemia. A indústria da beleza sofreu abalos nunca vistos. Mas, se compararmos o segmento com a indústria da moda, veremos números animadores. Historicamente, após períodos traumáticos, como pós-guerras, epidemias e crises econômicas, o poder de reinvenção da beleza sempre aparece. A professora de Semiótica e Publicidade da USP, Clotilde Perez, sempre cita dois exemplos: o lançamento de perfumes após a Segunda Guerra (produtos muito mais baratos que roupas de luxo) e a expansão da linha de esmaltes Chanel, depois da crise de 2008. Dois cases de muito sucesso.
As compras, em um primeiro momento, após a retomada, tendem a ser imediatistas para aplacar certa depressão psicológica. Logo depois, lentamente, deve vir a estabilização.
A análise das gigantes do setor mostra que, nas primeiras semanas da Covid-19, houve uma queda acentuada de interesse pelo tema. Aos poucos, as brasileiras viram que os rituais de beleza significavam um elo com os tempos de normalidade.
A chefe de marketing da L’Oréal Brasil, Patricia Borges, diz que beleza para a consumidora tem papel relacionado à autoestima. Sentir-se bem neste momento também é importante. No entanto, não dá para esperar que o volume e a forma de consumo sejam como antes. A crise econômica se impõe e o segmento sairá bastante afetado.
De acordo com projeções da agência Euromonitor haverá nesse ano uma queda de pelo menos 5% nas vendas de cosméticos. O analista Elton Morimitsu destaca que a instabilidade vai forçar a cliente a ser mais assertiva, racional. Com a menor disponibilidade de renda, a maioria vai procurar produtos que ofereçam maior custo-benefício.
Além do preço e do conforto, outros fatores vão guiar a beleza do pós-pandemia. O primeiro é a segurança. Uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo desperta dúvidas na cabeça do consumidor. Ele precisa estar mais atento ao que coloca no corpo, seja em termos de higiene e beleza, ou alimentação. Por isso, ingredientes antissépticos e antibacterianos estão e continuarão muito presentes nas fórmulas.
O momento é de intensificar protocolos sanitários. Ouvir as demandas dos clientes individualmente. Apostar na segurança, investir em cuidados. Evitar extravagâncias. Só assim a clientela verá motivos suficientes para retornar. O caminho será longo. Mas, priorize já os primeiros passos.
Fonte: O Globo
Matéria de Caio Camargo para site HM
Leia também: A disparada do comercio eletrônico de beleza
fale conosco