Há sete meses, os números da economia brasileira já não eram positivos, mesmo com todo esforço de a propaganda oficial insinuar o contrário. Veio o efeito coronavírus e a derrocada foi inevitável: os piores resultados da História com queda no Produto Interno Bruto – PIB – recessão e falta de perspectivas no futuro.
No que diz respeito aos empregos a situação é ainda mais dramática: treze milhões de pessoas sem ocupação; ou seja, quase metade da população (49,5%) em idade de trabalhar está empregada. De acordo com a professora da Fundação Getúlio Vargas, Vicky Bloch, a demissão é muitas vezes comparada ao luto. Para uma parcela importante das pessoas, ela representa psicologicamente a morte da carreira e traz sentimentos ligados a fracassos e incertezas.
Agora esse sentimento está elevado à potência máxima, uma vez que o medo da morte real é encarado todos os dias, por conta da Covid-19, que já matou mais de cento e vinte mil brasileiros e ainda tirará a vida de outros milhares (* números apurados pelo Consórcio de Imprensa até o fechamento desta reportagem).
Vicky Bloch costuma fazer a seguinte pergunta: “Afinal, qual a responsabilidade de uma empresa em relação ao futuro de um ex-colaborador? Ela responde: “ É total; é isso que eu chamo de responsabilidade social praticada na íntegra; sem essa consciência, continuaremos um país hipócrita, com empresas que fazem ao público externo um discurso de inclusão, mas que não o admitem na comunidade interna, na fase mais crítica da vida dos seus funcionários”.
Ainda há pouca mobilização no suporte a esses milhares de profissionais que estão perdendo seus empregos. As empresas poderiam se organizar e formar parcerias com o setor público, criando condições para que os trabalhadores possam ser preparados tecnicamente para uma nova fase.
Instituições como Sesc, Senai, Senac, além dos Sindicatos, têm condições de criar uma espécie de plataforma única para cadastramento e encaminhamento dos desempregados. “Precisamos esgotar as alternativas e criar uma rede de sustentabilidade para evitar um desastre ainda maior”, sintetiza Vicky Bloch.
Fonte: Valor Econômico
Matéria de Caio Camargo