O mercado de luxo no Brasil movimenta milhões de reais todo ano e é responsável por empregar milhares de pessoas. Esse segmento também foi diretamente afetado pela pandemia. A Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, fez pesquisa inédita para detectar os impactos nos clientes. Definitivamente, o luxo foi revisto, desfiles e semanas de moda foram cancelados, grifes tiveram de reinventar a forma de se comunicar.
A coordenadora da pesquisa, Ligia Mello, acredita que o mercado mudará para sempre, assim como os critérios de escolha e formatos de compras. Tudo isso migrou para o online e cada vez mais se consolidará por lá.
“É necessário ter esse olhar sobre qualquer indústria porque o luxo se baseia em qualidade e estilo e por isso vai continuar existindo, mas as marcas agora precisam se engajar com mais proximidade e trazer consigo mais responsabilidade social e ambiental”, afirma Ligia.
A pesquisa foi realizada com mais de 500 consumidores da classe A, sendo 78% mulheres e 22% homens, em formato de questionário digital. 46% do público consumidor de luxo não tiveram redução financeira até maio passado, contra 34% dos brasileiros na amostra geral. 56% definiram claramente o impacto negativo que o não contato pessoal e físico fizeram na sua rotina. 49% não se identificam com os serviços e negócios do seu bairro e 20% nem sequer tentaram uma nova relação de consumo. Para 72% a grande preocupação na pandemia foi a saúde da família, portanto alimentação, bem-estar mental e outras atividades precisaram ser repensadas.
Em relação aos novos hábitos, 64% já possuem o hábito digital para muitas aquisições, 58% gostam de ir ao shopping de sua preferência para comprar suas marcas favoritas. 27% desses consumidores querem manter o hábito antigo de comprar nas lojas, mas precisam sentir que estão seguras.
De acordo com Ligia Mello, “ a marca de luxo deve ficar de olho em eventos petit comité na casa dos clientes; isso pode ser um novo modelo para ter o engajamento com segurança: o ir e vir é fundamental; claro que lojas de rua se bem trabalhadas podem ter uma resposta positiva, além de menor fluxo de pessoas e ambiente 100% controlado pela marca”.
A grande herança desses tempos é a distinção clara do que é essencial do que é prescindível. Biossegurança é o protocolo da vez. Para 91% dos consultados, ser transparente com os procedimentos de higiene dos espaços, principalmente nos shoppings, peças e cuidado com equipe farão marcas permanecerem na lista de favoritas ou não. E claro, responsabilidade social será um fator de desempate entre as marcas preferidas. 74% querem algo das marcas que ama, além do “nome” e 64% pretendem optar, entre as suas favoritas, na que mais colaborou – ou colabora – gerando empregos e ajudando pessoas em grupos de risco.
Matéria de Caio Camargo
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