In Colunistas, Paulo henrique

O Brasil é um celeiro imenso de talentos na área da beleza. Quantos bons cabeleireiros existem no seu Estado? Na sua cidade? Tenho certeza de que muitos. Mas por quê então, um número muito menor chega ao topo da cadeia e se destacam? Porque existe uma diferença gigante entre ser um bom cabeleireiro e um empresário do segmento da beleza. E a diferença de um para o outro é a forma como se faz a gestão da empresa. Normalmente, abre-se uma empresa baseado somente na experiência do operacional, e pensamos que somente isto garantirá nosso sucesso.

Você pensou que ao montar sua própria empresa (e salão de beleza é uma empresa e deve ser gerida como tal), você teria de entender de gestão financeira, gestão de marketing, gestão de pessoas (e muito), além de questões sobre aspectos jurídicos, tributários, fiscais, administrativos, e etc.?

Nunca a gestão se fez tão importante, principalmente para a retomada das nossas atividades. O mercado da beleza, sem dúvida, sobreviverá à pandemia. Mas muitas empresas não. De uma hora para outra, e de forma muito rápida, entendemos que temos de ter um capital de giro para a empresa.

De uma hora para a outra, e de forma muito expressa, ficou claro que precisamos entender minimamente de mídias digitais.

E de uma hora para a outra, e de forma muito veloz, tivemos de entender de pessoas, para lidar com nossos parceiros, com nossas clientes e conosco mesmo. Sim, agora entendemos que o que possuímos não são somente “salões de beleza”, mas sim uma empresa. E não é possível gerir uma empresa da forma como fazíamos. Durante todo este processo imposto pela pandemia, vimos muita coisa, assistimos muita coisa, ouvimos muita coisa. Dentre tudo, o que mais se destacou, é que as pessoas sairão transformadas, as empresas serão repensadas e que surgirão novos modelos de negócios. Eu penso que existirão dois tipos de cliente daqui para frente. Aqueles que se preocuparão com a higiene e as normas de segurança, e aqueles para quem isto não fará sentido. Haverá aumento no seu custo? Talvez sim, talvez não. Depende da forma como você se debruçará sobre a gestão financeira da sua empresa e efetuará as contas, analisando se é possível absorver estes novos custos ou não.

Caso tenha que repassar algum custo, as clientes pagarão por isto? Talvez.

Aquelas que priorizarem as medidas de seguranças, talvez se sintam mais confortáveis e até paguem por um pequeno aumento. Para aquelas que não priorizarem tais medidas, talvez não faça sentido e procurem outro estabelecimento. Da mesma forma que clientes de outros estabelecimentos que não priorizem as normas de seguranças, possam migrar o seu salão. Mas como descobrir? Sendo transparente, tendo colaboração e gerando valor. Seu salão de beleza é formado de três partes básicas: você (gestor da empresa), seus parceiros e suas clientes. Se você sair de todo esse processo e continuar a tomar decisões, baseadas somente na sua forma de pensar, não terá construído nenhum modelo novo de negócio, e talvez fique obsoleto e não sobreviva.

Seus parceiros e suas clientes fazem parte do seu negócio. Então para que você tome uma decisão, ouça o que as outras partes pensam também. Seja transparente, exponha a situação, ouça o que eles têm a dizer, e decidam juntos. De forma colaborativa. Inclusive isto tirará um peso enorme dos seus ombros.

Quando trazemos as pessoas para realmente fazer parte do nosso negócio, geramos valor a este negócio e a estas pessoas.

Bons cabeleireiros existem muitos. Empresários do setor da beleza, poucos. E estes poucos são os que se destacam e acabam influenciando o mercado. O segmento de beleza sempre foi lucrativo, e continuará sendo. Mas está na hora de dar mais valor aos negócios, e não trata-los de forma tão amadora. E então, fica a pergunta. De que lado você estará após a pandemia?

Paulo Henrique

Colunista

PH é gestor do programa de Beleza do Escritório Centro do Sebrae SP. Já foi empreendedor da área da beleza, sendo cabeleireiro e gestor do seu próprio salão entre os anos de 1996 à 2002, em Ubatuba – SP. Também atuou como técnico da Senscience entre 2003 e 2004.

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