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Aos 43 anos, Anderson Couto (@andersoncouto) coleciona clientes-amigas-apaixonadas por suas mechas largas e ensolaradas. A seguir, o hair stylist embaixador da Truss Hair conta os segredos do seu sucesso.

 

Anderson Couto costuma dizer que começou por acaso, por acidente. “Nunca imaginei ser cabeleireiro. Mas a falta de oportunidade me empurrou para esse caminho”, lembra. Ele conta que não gostava de estudar, não queria fazer faculdade e imaginou que servir quartel fosse a sua saída. Acontece que quando foi se alistar, sobrou. “Eu pensei: e agora? Tinha dois tios barbeiros que moravam perto de casa. Perguntei quanto eles ganhavam e achei o negócio bom: mil e poucos reais há 25 anos – o que tenho de profissão. Para mim, que tinha 18 anos, estava ótimo”, conta ele. Começou a cortar cabelo de homem, viu que levava jeito e passou a se interessar por cabelos de mulher. “Olhava na televisão e achava que devia ser mais interessante… Então, pedi para minha mãe pagar um curso – ela disse não porque queria que eu fizesse faculdade. Mas pedi para o meu pai e ele pagou.” Anderson fazia o curso de dia (integral, de dois meses) e estudava à noite. Apareceu um salão para ele alugar, em Belford Roxo, baixada fluminense, lugar bem humilde. “Era um salão 6 X 6, não tinha nem porta de vidro, só a de ferro, ou ar condicionado. Nem asfalto tinha na rua. Eu ficava feliz quando sentava uma cliente porque aí, quando passava o ônibus e levantava aquela poeirada, não precisava limpar a cadeira.” Anderson lembra que o corte de cabelo custava 250 reais e mesmo assim ele não conseguia pagar o aluguel todo mês, precisava pedir ajuda ao pai. Em 8 meses, desistiu e decidi arrumar emprego na zonal sul – de barbeiro, dentro de um salão de cabeleireiro, na Urca. “Por que o meu salão não deu certo? Eu não estava preparado! Saí do curso, tinha lá o meu diploma, mas não estava preparado. Lógico que não ia fazer sucesso. Eu não sabia nada. A dica que eu dou para quem está começando é sair do curso e ser auxiliar de um profissional em um salão grande, para então aprender e ganhar experiência. Ou corre o risco de desistir, porque a cliente reclama, a dona reclama… e você  desanima.”

O hairstylist voltou a cortar cabelo de homem – o que dominava. “Ali, ganhava um dinheirinho e todo o tempo livre que eu tinha pedia para ajudar as cabeleireiras, lavava o cabelo das clientes para elas, escovava… e ficava perguntando. Via um cabelo na tevê e no dia seguinte perguntava: como fizeram aquele cabelo? Como foi cortado? Eu era chato mesmo. Mas foi assim que comecei a aprender corte feminino.” Até que uma delas saiu, foi para um salão em Botafogo e o convidou para ir com ela. “Eu não sabia nada, era barbeiro, mas fui. Ela me ajudou no começo  e acabei ficando lá por 4 anos – em 3, era o cabeleireiro que mais faturava.” Foi quando Anderson se apaixonou pela profissão. “Quando você ama o que está fazendo, trabalha, estuda, faz curso sem esforço ou sacrifício. Foi quando comecei a crescer e resolvi montar o meu primeiro salão, com uma sócia, em Botafogo.” De lá, foi para Copacabana e tudo começou a acontecer. “Minha primeira cliente atriz foi a Letícia Spiller. Ela gostou do meu trabalho e começou a indicar outras atrizes”, conta ele que hoje tem o Espaço Gioh (@espacogioh).

Anderson reflete que a maioria dos cabeleireiros entra na profissão do mesmo jeito que ele: por falta de oportunidade. “Um exemplo que sempre dou nos meus cursos é que se você for em qualquer escola e perguntar quem vai ser cabeleireiro quando crescer, não vai ver nenhuma criança levantando a mão. Elas normalmente não sabem nem do que se trata. Quando faltam oportunidades, entram para a profissão. Algumas pessoas se apaixonam, outras não. Mas a maioria tem essa história.” Depois daquele primeiro curso fez um em Nova Iguaçu, foi juntando dinheiro e investindo em cursos – Vidal Sassoon em Londres, Tony Guy na Espanha. “Tudo o que aparecia,  eu pagava e fazia. Alguma coisa você sempre aprende – às vezes até o que não tem que fazer. Nunca é perda de tempo.”

 

Corte & cor

Anderson conta que sua especialidade é corte e cor. “Eu era barbeiro e, por isso, muito do corte. Fiz muito cabelo moderninho, bem louco, dessa galera que fazia faculdade de moda.” Depois, começou a fazer o Super Bonita (programa da GNT) com Fernando Torquatto – ele fazia as cores e Fernando fazia os cortes. “Foi então que comecei a ter muita procura de cor e me especializei em mechas. É ótimo quando você domina as duas coisas – faz toda a diferença. Porque você já faz a cor pensando no corte e vice-versa. Meu ponto forte é conseguir realizar as duas coisas bem feitas. O resultado tem que ficar perfeito. Você não precisa de ninguém para completar o seu trabalho.”

Foco na cliente

O hair stylist conta que seu diferencial é fazer o que a cliente quer. “Não me prendo a uma regra ou técnica, a uma frente com contorno forte que todo mundo quer, ou raiz esfumada. Às vezes a cliente quer mecha na raiz – e eu vou fazer o que ela deseja. Isso é um diferencial, personalizar aquele trabalho. Passar por cima do seu ego e fazer o que a cliente quer.” Anderson conta que sucesso, para ele, é a cliente na cadeira. “Não é um Instagram lindo, não é seguidor. É agenda cheia. As pessoas estão confundindo muito isso. Não pode pensar na foto do cabelo e sim em como ele vai ficar quando ela lavar em casa e prender”, ensina. Por isso, o foco dele é trabalho e atendimento. “Lógico que faço rede social, mas sucesso, para mim, é deixar a mulher que está na minha cadeira feliz. Comprar seguidor é fácil. Quero ver é comprar cliente.”

 

BOX: As mechas-sensação

A marca registrada de Anderson são as mechas largas, com ponto de luz bem forte na frente da face. “O desafio é conseguir colocar mecha larga, agressiva e ao mesmo tempo natural. Impactante e surpreendente.” Ele ensina que o mais importante é a qualidade do cabelo. “Você não pode fazer nada que vá destruir aquele cabelo, que vá mudar a textura dele, que vá deixá-lo danificado ou ressecado. Costumo dizer para as minhas clientes que estou lá para deixá-las bonitas – não para torná-las loiras. Às vezes elas querem ser loiras e não podem.” Por isso a regra é sempre priorizar a qualidade do cabelo. “Se para fazer uma cor, vai precisar destruir o fio, não faça. Procure outra solução. Morena, loira, ruiva – se o cabelo estiver tratado, a mulher vai ficar linda. Não só o loiro que é bonito. Qualquer cor saudável é bonita.”

 

BEAUTY TALK COM ANDERSON

CLIENTES DE IMPACTO “A mais emblemática foi a Deborah Secco, com seu look curtinho e loiro. Quando cortei franja na Marina Ruy Barbosa e fiz um ruivo mais forte também bombou muito. Foram muitas: Deborah Secco ruiva, Giovanna Antonelli curta e bem loira, depois mais curta e de cabelo escuro. Quando escureci os fios da Adriane Galisteu, que sempre foi loira, também bombou.”

VIAGEM INESQUECÍVEL “Minha lua de mel, para Santorini e Mikonos, na Grécia. Um lugar maravilhoso, não dá para esquecer, não.”

CLIENTE AMADA “Gio Antonelli, Letícia Spiller – pessoas que me ajudaram muito também. E Deborah Secco, Giovanna Ewbank, que além de clientes, viraram amigas. Sem falar das anônimas, que tratam bem a mim, meus auxiliares e minha equipe. Todas são amadas para mim.”

MEDO “De um dia não poder vir para o salão fazer o que eu mais amo, que é trabalhar.”

ALEGRIA “Minha família.”

LOIRA OU MORENA?  “Se olhar meu Instagram, não fico só no loiro. Vou para o castanho, dourado, baunilha, manteiga… Acho que é isso que a gente tem que fazer hoje. O diferencial é esse: dominar várias cores e fazer cada uma para um tipo de cliente, a que se adaptar melhor.”

ONDE BUSCA REFERÊNCIAS? “Nas redes sociais. É muito Instagram mesmo. Hoje ele é muito importante não só para mostrar seu trabalho, como para buscar referências e até seu ‘concorrente virtual’, aquele que você gosta e finge que está do seu lado, para te instigar a fazer um trabalho melhor. Aliás, anote essa dica: escolha bem seus concorrentes. Os fortes te fortalecem e os fracos te enfraquecem. Concorra com os grandes!”

INSTAGRAM: HERÓI OU VILÃO? “É fogo: ao mesmo tempo em que ajuda, tira o nosso tempo. Precisa tomar muito cuidado. Todo mundo diz que sem Instagram, a gente estava perdido, não ia ter como mostrar o nosso trabalho. Mas eu não acho. Acho que ele ajuda a divulgar, – e isso é bacana –, mas rouba tempo. Antigamente, a gente tinha que fazer cabelo, agradar a cliente e ponto final. Hoje precisa fazer isso tudo e produzir, aprender a bater foto, a mexer no Facetune e nas redes sociais. Que hora fica com a família e tem lazer? Se você der mole, a rede social te engole. Ela precisa trabalhar para você e não ao contrário – ou sua vida acaba.”

REDES SÃO UM VÍCIO? “Não sou muito viciado, não. Quando estou de folga, raramente pego o celular. Não fico filmando tudo o que vejo, mostrando onde estou. Se não fosse pela profissão, nem teria Instagram. Sou da época do Orkut e do Facebook. Nunca tive. Veio essa onda de Insta para cabelo e tive que me adaptar. E já que a gente entra, vamos fazer direito.”

ESTRATÉGIA PARA TER MUITOS SEGUIDORES “Caprichar no cabelo e na foto – e ter cliente atriz. Elas dão muita visibilidade – todas com 1M de seguidores. Elas postam e você ganha muito seguidor.”

SEGREDO DO SUCESSO “Todo mundo diz que o Anderson bomba porque atende atriz. Não acho isso não. Agradar mulher não é uma coisa fácil. Se você agrada uma, não importa a profissão dela, quando sentar uma atriz na sua cadeira, você vai agradar também. O que faz você crescer e ter sucesso é fazer mulher feliz. Independentemente da profissão dela. Antes de atender atriz eu já ganhava dinheiro e tinha agenda lotada. Elas me deram visibilidade? Sim, e isso é maravilhoso. Mas se você fizer uma mulher sair surpreendida da sua cadeira, sucesso é garantido.”

MUSA “Sarah Jessica Parker. Acho o cabelo dela a coisa mais linda do mundo. Amo aquele estilo: uma mecha mais largona, dourada, quente, naquela mulher. Para mim é o cabelo mais forte do mundo.”

ANDERSON EM 3 PALAVRAS “Simples (vivo com simplicidade), determinado (o que eu quero eu vou atrás), teimoso (risos, quando não dá certo, eu continuo tentando).”

INSPIRAÇÃO “Praia. Adoro praia, sou viciado. Olhar o jeito que as mulheres prendem o cabelo na praia, o jeito como o vento seca os fios depois que elas mergulham no ar, aquela textura, aquele dourado, essa é minha inspiração.”

ÚLTIMO LIVROFelicidade – Modos de usar. Do Cortella com Karnal e Pondé.”

SEMPRE NA PLAYLIST “Sou muito eclético, gosto de quase tudo, depende do momento. Vou de Zé Ramalho a Rod Stewart… Hoje em dia uma que está sempre na minha playlist é Billie Eilish- Everything I Wanted. É linda!”

 

“Todo mundo diz que o Anderson bomba porque atende atriz. Não acho isso não. Agradar mulher não é uma coisa fácil. Se você agrada uma, não importa a profissão dela, quando sentar uma atriz na sua cadeira, você vai agradar também. O que faz você crescer e ter sucesso é fazer mulher feliz”

 

Matéria de Karina Hollo para HM 28

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