Todo maquiador ao longo da carreira (e a minha já é longa) acumula lições importantíssimas. Algumas a gente aprende tentando e acertando; outras a gente erra uma, duas, três vezes e aí descobre o jeito certo de fazer. Aliás, que fique bem claro: todo mundo erra. Ninguém acerta 100% do tempo não! E muitas vezes a gente demora mesmo para entender alguns truques e macetes da profissão. Por isso mesmo, quero dividir com vocês alguns dos meus muitos aprendizados.
Maquiador é um artista. E todo artista começa seu trabalho com uma tela em branco, algo para ser trabalhado. Essa tela tem que estar impecável ou o resultado não vai sair legal. A nossa tela é a pele da cliente! Fazer uma maquiagem com a pele mais ou menos é uma coisa; fazer make com ela perfeita é outra completamente diferente. Por isso, colega dos pincéis, se você não souber deixar a pele prontinha e perfeita, seu olhão preto, seu bocão vermelho ou seu contorno não salvam o look não! Eu só me senti um grande maquiador depois que aprendi a fazer pele. Separei algumas dicas a seguir. Espero que sejam muito úteis para você.
- A base é a essência de tudo. Não existe pele ruim e sim com algum probleminha, como manchas e espinhas. Mas a maquiagem existe para isso. Hoje em dia existem vários artifícios que você pode usar.
- As bases estão muito tecnológicas e, sabendo usar o tipo certo para cada pele, o resultado fica ótimo. Por exemplo, uma pele jovem, lisinha, sem manchas, pede uma base levinha, natural, com um pouco de brilho; já uma pele muito oleosa, precisa de um efeito mais mate; a muito manchada pede cobertura mais intensa e por aí vai. Ou seja, tem que “entender” a pele antes de escolher a base para ela.
- O maquiador tem que ter bastante base sim, de vários tipos: hidratante, iluminadora, firmadora, em mousse, em pó, líquida etc. Não precisa de todos os tons, mas texturas e fórmulas enriquecidas, tem que ter muita variedade. São nossas ferramentas de trabalho.
- Já que falei sobre tom… Você sempre vai dar um tom a mais na pele ao cobri-la com uma base. Só no Brasil existem 140 tons diferentes, então, para chegar na cor certa, misturas são a melhor opção.
- Ainda sobre o tema tom, mais uma lição importantíssima: independentemente da cor da pele (clara, média ou escura), ela terá sempre um fundo que pode ser rosado ou amarelado. Você não pode cobrir uma pele de fundo amarelo com uma base de fundo rosa. Por isso, suas bases precisam ser sempre de dois fundos.
- Nas minhas misturas, eu sempre uso um tom mais claro e um mais escuro. Já vou fazendo o contorno com a própria base para efeito mais natural. Lembrando que o mais claro é sempre para iluminar, tipo sob os olhos; o mais escuro para contornar maçãs, nariz, testa.
- Não esqueça de passar a base no pescoço para acabamento. Muita gente acha que a maquiagem da pele acaba na linha do queixo. De jeito nenhum! Tem que seguir pelo pescoço, lembrando que o tom pode variar um pouco e tem que ser mais próximo da cor do da pele do colo.
- Para aplicar, você pode usar pincel ou esponjinha. Eles são importantes na hora de espalhar. E sempre com gestos delicados porque a ideia, como eu disse é espalhar e não “arrancar” o produto que já foi aplicado.
- Para unir base e corretivo, tem que passar menos base na região das olheiras, criando um ponto de fusão bem natural e delicado na hora que estes produtos se encontram.
- Acabamento é fundamental. Tem que deixar pele impecável. Se ficar muito carregada, pode usar a esponja úmida para remover o excesso. É um truque que salva o efeito de pele muito pesada.
- Pele menos é mais. Ela tem que estar bem coberta, iluminada, mas não pode parecer que está carregada. A base não pode aparecer antes do que a maquiagem.
Espero que tenha gostado. Até a próxima.
Kaká Moraes
Colunista
Kaká Moraes é maquiador há mais de 30 anos. Já assinou mais de 400 capas de revista de moda e beleza e foi consultor de marcas gigantes como Avon e O Boticário. Atualmente trabalha do Studio W Iguatemi, em São Paulo e é expert Beleza na Web.
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